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16/06/2004 |
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A vida além do limite |
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Uma pesquisa com 25 000 executivos brasileiros expõe, de forma alarmante, os efeitos devastadores do stress sobre a vida pessoal e o mundo dos negócios |
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Como quase todos os homens e mulheres de negócios bem-sucedidos, o executivo carioca Roberto Timótheo da Costa tem uma rotina marcada pela pressão constante, pela cobrança de resultados, pela falta de tempo, pelo excesso de informação. Diretor financeiro do BNDES, ele é responsável por negociações complicadíssimas, nas quais um erro pode resultar em alguns milhões de dólares de prejuízo e manchas na reputação difíceis de ser removidas. Hoje, suportar essa enorme carga de tensão quase faz parte do perfil do executivo ideal. O problema é que o corpo -- uma máquina limitada e falível -- nem sempre responde da forma esperada. Foi o que aconteceu com Costa.
Em setembro do ano passado, ele esteve no comando do processo de reestruturação da dívida da AES, empresa americana de energia que controla a Eletropaulo. Foi uma negociação que levou meses, envolveu 1,2 bilhão de dólares e acabou por exaurir seu organismo. Num domingo daquele mesmo mês, em seu apartamento no Rio de Janeiro, Costa começou a sentir fortes dores no peito. Pressentindo o pior, tomou um comprimido de Isordil, medicamento indicado para dilatar os vasos coronarianos, e pediu a alguém para chamar uma ambulância. Foi levado para o hospital com um quadro típico de enfarte. A causa era a que se supõe -- stress.
Trata-se de uma espécie de epidemia que tomou o ambiente de negócios e passou a fazer parte das preocupações cotidianas de executivos e empresários. Uma pesquisa feita pela Med-Rio, uma das maiores clínicas de check-up do país, mostra a dimensão do problema no Brasil. Nos últimos cinco anos, a Med-Rio examinou 25 000 executivos de todo o país, com idade entre 30 e 75 anos. Os resultados são alarmantes. Cerca de 70% deles sofrem de altos níveis de stress -- um quadro agravado por problemas comportamentais. A pesquisa mostra que 80% dos profissionais avaliados têm alimentação desequilibrada, 65% são sedentários, 60% estão acima do peso ideal, 50% consomem bebidas alcoólicas regularmente e 40% fumam. É gente que vive no limite e pode cruzar a linha que separa a saúde da doença a qualquer momento.
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Fonte: Revista Exame |
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