SÃO PAULO (Reuters) - Mais um dado mostrou que a demanda interna brasileira está em recuperação, contribuindo para um cenário mais otimista sobre o crescimento neste ano. As vendas do comércio varejista tiveram aumento pelo sexto mês seguido em maio, de 10 por cento sobre igual período de 2003.
O segmento de móveis e eletrodomésticos teve o principal impacto positivo sobre o índice, com avanço de 35,58 por cento nas vendas, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira.
A performance dessa área está relacionada à oferta de crédito, que aumentou em relação ao ano passado. Mas setores mais dependentes da renda do consumidor também mostraram números animadores.
As vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo subiram 5,2 por cento e foram a segunda maior influência no dado geral.
"A gente está tendo uma recuperação do consumo interno... É isso que vai sustentar o crescimento econômico nos próximos 12 meses", afirmou Cristiano Oliveira, economista-chefe do Banco Schahin, que recentemente elevou a projeção de avanço do Produto Interno Bruto em 2004 para 4,2 por cento.
A revisão do banco deveu-se a uma série de bons dados econômicos recentes, como o salto da produção industrial e o desemprego menor em maio. Além disso, a renda do trabalhador vem caindo em ritmo cada vez menor.
Na quarta-feira, a Fiesp informou que o emprego na indústria de São Paulo teve em junho a maior alta da série histórica iniciada em 1994 --de 0,79 por cento, com a abertura de mais de 12 mil vagas.
Para Marcelo Ávila, economista-chefe da consultoria Global Station, está havendo uma recomposição da renda do consumidor.
"O crescimento das vendas no varejo ditará o crescimento da indústria, continuando a retomada da atividade econômica no país", disse Ávila, que acaba de rever sua projeção para o crescimento neste ano, de 3,2 para 3,5 por cento.
Em 2003, a demanda interna foi abatida sobretudo pelas altas taxas de juros e as vendas no comércio do país tiveram queda nos 11 primeiros meses do ano.
ALTA EM TODOS OS ESTADOS
Em maio, dois outros setores com forte desempenho de vendas foram tecidos, vestuário e calçados, com alta de 22,5 por cento, e combustíveis e lubrificantes, de 4,1 por cento.
Com exceção de Roraima, todas os Estados brasileiros registraram crescimento das vendas em maio.
Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Tocantins mostraram os maiores aumentos percentuais --todos acima de 20 por cento. Mas os resultados de Estados como São Paulo, Rio de Janeiro e Paraná tiveram maior impacto sobre o indicador geral.
Em São Paulo, as vendas cresceram 8,76 por cento e no Rio de Janeiro, 12,36 por cento.
No ano, as vendas têm alta de 8,48 por cento e nos últimos 12 meses, de 1,8 por cento.
O IBGE acrescentou que a receita nominal do comércio aumentou 10,27 por cento frente a maio de 2003, acumulando no ano elevação de 9,81 por cento e em 12 meses, de 11,21 por cento. |