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Graças, em boa parte, ao desempenho registrado por empresas exportadoras dos setores industrial e agrícola, foram criados no mês passado 202 mil postos de trabalho com carteira assinada, segundo levantamento do Ministério do Trabalho. As vagas abertas de janeiro a julho somaram 1,237 milhão, ainda de acordo com o ministério. Tanto para julho quanto para os sete primeiros meses do ano, os resultados são os maiores desde que a pesquisa começou a ser feita pelo governo, em 1992. Os números fazem parte do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), elaborado pelo ministério a partir de dados fornecidos pelas empresas de todo o país. Não são contabilizados servidores públicos, empregados domésticos e trabalhadores sem carteira assinada. A tendência de aumento na criação de vagas com carteira assinada não é, necessariamente, sinônimo de queda no desemprego. Isso porque, no cálculo de índices de desocupação, considera-se, além da quantidade de empregos que surgem no país, o número de pessoas que ingressam no mercado de trabalho em busca de uma primeira oportunidade. Ao divulgar os resultados do levantamento, o ministro Ricardo Berzoini (Trabalho) fez ontem essa ressalva, mas afirmou que indicadores divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que o nível de desemprego também começa a ceder. Em junho, de acordo com o levantamento mais recente divulgado pelo IBGE, o desemprego atingia 11,7% da população economicamente ativa, um pouco abaixo do recorde de 13,1% registrado em abril. "Os números são muito positivos. Esperamos que as próximas pesquisas confirmem essa tendência [de queda no desemprego]", afirmou Berzoini. O ministro disse ainda que a meta do governo é criar 1,8 milhão de empregos neste ano, o que colaboraria, segundo ele, para reduzir a taxa de emprego para menos de 10% até dezembro. A agricultura foi o setor que mais criou vagas com carteira assinada entre janeiro e julho. Os postos gerados no setor somaram 271,6 mil, o que representou crescimento de 21,7% em relação ao total de vagas disponíveis nesse segmento ao final de 2003. "Na agricultura, as exportações têm provocado o crescimento muito forte do emprego", disse Berzoini.
Grandes cidades A criação de empregos também foi mais forte fora das grandes cidades. No ano, segundo o Caged, 302,4 mil vagas foram criadas nas nove regiões metropolitanas do país, enquanto 700,8 mil surgiram no interior. No Estado de São Paulo foram abertas 476,8 mil vagas. Berzoini também disse que a decisão tomada anteontem pelo Banco Central em manter os juros em 16% ao ano não deve afetar a criação de empregos. "O que determina a confiança do investidor é a determinação do governo em manter a inflação sob controle e, ao mesmo tempo, buscar o crescimento econômico. Essas duas metas estão sendo alcançadas." O ministro disse ainda que o governo estuda medidas para reduzir a tributação que incide sobre a folha de pagamento das empresas, o que estimularia a expansão do emprego formal. A idéia, segundo ele, é transferir parte dos encargos cobrados sobre os salários para tributos que incidem sobre o valor agregado dos produtos e serviços vendidos pelas empresas. |
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