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17/11/2004 |
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Hora de mudar de mercado |
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Pressionada pela troca de tecnologia, a Kodak do Brasil monta seu plano de transição |
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Lia Lubambo |
O Picture Maker G3, equipamento para revelar fotos digitais: Kodak luta para evitar um destino como o da empresa italiana Olivetti | Volta e meia as empresas -- especialmente as bem-sucedidas -- defrontam com uma ruptura tecnológica, dessas que desafiam o modo como as coisas sempre foram feitas. Isso aconteceu com a Olivetti, fabricante de máquinas de escrever que não conseguiu se adaptar à era do computador. Aconteceu com as fabricantes de fraldas de pano, que viram as fraldas descartáveis tomar conta do mercado, e aconteceu com a IBM, que teve de se transformar inteira para sobreviver às mudanças no setor de computadores trazidas pela Apple e pela Microsoft. O professor de Harvard Clayton Christensen, especialista em inovação tecnológica, sustenta que é muito difícil uma empresa estabelecida conseguir manter-se na liderança de mercado quando surge uma ruptura dessas, porque apostar nas novas tecnologias exige renunciar à eficiência à qual ela está acostumada.
As companhias têm experimentado várias estratégias para controlar esse risco. A HP investiu em uma unidade totalmente separada de seu negócio para desenvolver uma impressora a jato de tinta, na época uma tecnologia precária. Com o tempo, essa unidade suplantou o negócio principal, de impressoras a laser. Também as montadoras de automóveis lidam com riscos de ruptura. Várias delas vêm alocando fortunas para pesquisar fontes limpas de energia combustível. O caso mais atual de luta para se adequar a uma ruptura tecnológica é o da Eastman Kodak. Sua principal fonte de renda, a venda de filmes, está ameaçada pelo avanço das máquinas digitais. Neste mês, a empresa anunciou o fechamento de duas fábricas em que produz filmes coloridos na Europa, com a demissão de 870 funcionários, num programa de reestruturação global. No Brasil, a filial da Kodak está pondo em prática um plano para migrar, sem grandes sobressaltos, de uma tecnologia para a outra -- uma estratégia que pode encerrar lições preciosas para qualquer companhia.
De um lado, embora tenha saído atrás das concorrentes japonesas no segmento de máquinas fotográficas digitais, a Kodak vem recuperando terreno. De acordo com o instituto de pesquisas IDC, ela saltou de 13% de participação no mercado, no início de 2002, para 18,3% neste ano, enquanto sua principal rival, a Sony, caiu de 24% para 21,5%. Mas esse sucesso tem um impacto negativo. O mercado de filmes, que movimenta 25 bilhões de dólares no mundo e contribui com um terço de seu faturamento no Brasil, de acordo com estimativas de especialistas, vem encolhendo. Foram 89 milhões de rolos vendidos em 2001, 84 milhões em 2002 e 83 milhões no ano passado (a Kodak tem 49% desse bolo). Parece uma queda pequena, mas alguns mercados já exibem diminuição de até 30% nas vendas. A perda é dupla, porque afeta também o número de revelações de filmes, outra forte fonte de renda da companhia.
Em compensação, um estudo mostra que apenas 45% dos lares brasileiros têm câmera fotográfica, ou seja, há um grande potencial de crescimento para a companhia. Outro motivo de ânimo é o aumento de vendas de papel fotográfico, acompanhando a demanda por impressão de fotos digitais. Equacionar esse perde-e-ganha nos variados negócios é vital para uma companhia cujas operações ligadas à fotografia respondem por mais de 50% de seu faturamento no Brasil, de 305 milhões de dólares. Por isso, a primeira providência da Kodak foi abrigar as áreas de fotografia para amadores, profissionais e digitais numa só grande divisão -- fotografia. "Assim conseguimos ter u |
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Fonte: Por Marlene Jaggi - Exame |
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