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08/12/2004 |
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Investimento brasileiro no exterior é recorde |
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Pesquisa da Unctad mostra internacionalização de algumas empresas, mas volume ainda é relativamente baixo
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O fluxo de investimentos brasileiros para o exterior deve atingir US$ 9,5 bilhões em 2004, de acordo com estimativa da Unctad (Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento). O volume está no maior patamar já alcançado pelo Brasil. O estoque de investimentos brasileiros no exterior deve alcançar US$ 66 bilhões neste ano, o que deve assegurar a quarta colocação entre os países em desenvolvimento que mais investem no exterior, atrás apenas de China/ Hong Kong, Cingapura e Taiwan, diz a entidade. O resultado brasileiro neste ano foi sustentado, em grande medida, pela fusão entre a cervejaria brasileira AmBev e a belga Interbrew. Mas, na avaliação de Anne Miroux, do Departamento de Investimentos da Unctad, que preferiu não calcular o peso da fusão, só a operação não garantiria o bom desempenho. "Percebemos que há esforço das empresas brasileiras de procurar a internacionalização", disse Miroux à Folha. A economista enfatiza, entretanto, que aproximadamente dois terços do estoque desses investimentos brasileiros se aglutinam em paraísos fiscais como Ilhas Cayman e Bahamas. A situação, que é comum aos demais países em desenvolvimento, pode ter duas explicações. A primeira é que investidores procuram alocar recursos em destinos livres de tributação. A segunda é que empresas brasileiras usam esses paraísos como uma plataforma. Enviam capital para lá e, em seguida, transferem os recursos para investimentos produtivos. As empresas que lideram o ranking brasileiro são: Petrobras, Odebrecht e Vale do Rio Doce. Uma vez no exterior, a preferência das companhias brasileiras é por investimentos em novos empreendimentos. Entre 2002 e junho de 2004, elas investiram em 84 projetos. Nos primeiros nove meses deste ano, 36 novos empreendimentos no exterior foram anunciados por empresas brasileiras. Em 2003 inteiro, foram 40. "As empresas brasileiras precisam se internacionalizar para conseguirem ser competitivas em escala global", avalia Antonio Correa de Lacerda, da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica). Além da bem-vinda geração de receitas em dólares, quem investe no exterior também pode se beneficiar de acesso a um mercado de capitais que oferece concessão de crédito a custos mais baixos que os do Brasil. Em alguns casos, a internacionalização também é uma forma de driblar tarifas protecionistas contra o Brasil. Ao abrir uma usina siderúrgica no Chile, por exemplo, uma empresa brasileira pode escapar das sobretaxações dos EUA ao aço brasileiro. Apesar do salto no volume de investimentos no exterior, a proporção em relação ao PIB (Produto Interno Bruto) ainda é pequena. O estoque de investimentos brasileiros representa 11% do PIB. A média dos demais países em desenvolvimento é 12%. No caso das economias do Sudeste Asiático, esse coeficiente sobe para 16%. "Em relação ao tamanho da sua economia, os investimentos do Brasil no exterior ainda não são muito fortes, mas há grande potencialidade", afirmou Miroux. |
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Fonte: Cíntia Cardoso - Folha |
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