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02/10/2005 |
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Fusão no software |
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Microsiga incorpora Logocenter e forma maior empresa do setor |
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O movimento de consolidação que já chacoalhou os mercados de telecomunicações, aço, automóveis e cervejas começa a acontecer no de software para gestão empresarial. A paulistana Microsiga já era a maior empresa brasileira do setor, com faturamento de 175 milhões de reais em 2004 -- ou 320 milhões, consideradas todas as suas franquias. No início de fevereiro, ela assinou um acordo pelo qual incorpora a catarinense Logocenter, cujos sócios passaram agora a ser acionistas minoritários da Microsiga. Ambas as marcas serão mantidas no mercado e todos os produtos continuarão a ser vendidos pelos mesmos canais de distribuição. O resultado da fusão é uma empresa cujo faturamento, somados distribuidores e franqueados, foi de 380 milhões de reais em 2004 e promete chegar a 420 milhões neste ano. "Somos agora a maior empresa do setor na América Latina", afirma Laércio Cosentino, presidente da Microsiga. "Queremos firmar o Brasil como um pólo de produção de software."
Para isso, a Microsiga também recebeu ajuda do governo, com uma injeção de 40 milhões de reais do BNDES, que passou a deter 17% do capital, além da promessa de financiamento para pesquisa, treinamento e desenvolvimento. O fundo de participações Advent International -- que havia adquirido, em 1999, 25% da Microsiga por pouco mais de 10 milhões de reais -- aproveitou o momento para vender sua participação, embora mantenha assento no conselho. Na época da entrada do Advent, a Microsiga faturava 36 milhões de reais e valia quase 50 milhões. Hoje, a empresa combinada tem um faturamento de 217 milhões de reais e é avaliada por especialistas na casa dos 250 milhões. "A consolidação é um movimento universal", diz Orlando Watzko, diretor-superintendente da Logocenter. "Precisamos dela para tornar a indústria de software competitiva internacionalmente." Em 2004, o mercado externo já foi responsável por 8% do faturamento da Microsiga.
De todos os casos que Cosentino e Watzko estudaram para montar seu acordo -- entre eles, a recente fusão entre PeopleSoft e JD Edwards e a posterior aquisição das duas pela Oracle --, aquele que ambos gostam de citar como exemplo é o da Ambev, empresa formada pela união de várias cervejarias brasileiras, capitaneada pela Brahma. Se vale a comparação, caberia à Microsiga o papel de Brahma do mundo do software. A união com a Logocenter -- que seria, guardadas as proporções, comparável à Skol -- coloca a empresa em posição de liderança para o próximo passo, a negociação com a segunda maior empresa brasileira do setor, a Datasul, uma espécie de Antarctica do software de gestão, cujo faturamento em 2004 foi de pouco mais de 280 milhões. "Não há ambiente para discutir o assunto ainda, mas gostaríamos de ser o consolidador, não o consolidado", afirma Paulo Sérgio Caputo, diretor corporativo de operações da Datasul. Tanto Microsiga quanto Datasul declaram que esse é o caminho natural para enfrentar o mercado internacional, exatamente como faz outra empresa de tecnologia que todos também gostam de lembrar, a Embraer. |
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Fonte: Helio Gurovitz - Exame |
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