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03/02/2005 |
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O mapa vai mudar |
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Investimentos em infra-estrutura poderão criar pólos regionais de progresso e aquecer a economia do país |
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EXAME O último grande ciclo de investimentos em infra-estrutura realizado no Brasil ocorreu entre as décadas de 50 e 70. Nesse período em que o PIB nacional cresceu quase dez vezes, o mapa econômico do país sofreu uma profunda transformação. Com a Zona Franca, surgiu um pólo de desenvolvimento em plena selva, Brasília tornou-se uma aglomeração de mais de 4 milhões de pessoas onde não havia nada, e o pólo petroquímico de Camaçari ajudou a transformar a Bahia em um dos estados nordestinos com os melhores indicadores sociais. Nos últimos 30 anos, sem novos investimentos, o mapa parou de mudar. Em grandes números, o Sudeste, especialmente São Paulo, ainda concentra o grosso da riqueza e das fábricas, enquanto o Nordeste continua ancorado na miséria. Pela primeira vez em décadas há chances de que surjam novos eixos de desenvolvimento. O fim das obras no porto de Itaqui, no Maranhão, e a construção de ramais da Ferronorte já estão atraindo investimentos bilionários em papel e celulose e siderurgia. Outro grande projeto na Região Norte é um gasoduto para carregar o combustível da bacia de Urucu, no interior do Amazonas. O último desses grandes projetos foi anunciado durante a recente visita do presidente Lula à Venezuela. O estado de Pernambuco foi o escolhido para a construção de uma refinaria avaliada em 2,5 bilhões de dólares, em uma sociedade entre a Petrobras e a PDVSA, estatal venezuelana de petróleo.
Desde 1998, quando o IBGE passou a fazer um acompanhamento detalhado das contas estaduais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul continuam praticamente nas mesmas posições no ranking do PIB. Não há números fiéis que permitam comparar a situação da Bahia com a de outros estados brasileiros antes e depois do pólo, porém os dados disponíveis impressionam. Revê-los ajuda a imaginar o que pode vir pela frente nas demais economias estaduais. O pólo de Camaçari foi responsável por tirar o estado da economia rural e colocá-lo no mundo industrializado. Atualmente, o pólo gera 15% do PIB da Bahia, responde por mais da metade das exportações do Nordeste e gera 23 000 empregos. No entanto, segundo especialistas, a maior riqueza está onde não se vê. A instalação das primeiras indústrias aumentou a pressão por mão-de-obra qualificada e forçou o governo a oferecer serviços de melhor qualidade. Em torno do pólo surgiram indústrias de plástico, de calçados e uma montadora de veículos, a Ford. Poucos empreendimentos podem produzir tamanho efeito na economia como projetos de infra-estrutura. Mesmo com toda a riqueza gerada pela soja no Centro-Oeste, o mapa da região não mudou profundamente nos últimos dez anos. Vale lembrar que nos países desenvolvidos os projetos de infra-estrutura foram acompanhados de grande investimento na educação. Nesse departamento, o Brasil ainda não apresentou propostas consistentes.
PESO PESADO |
O tamanho do pólo petroquímico de Camaçari |
15% do PIB estadual |
35% das exportações do estado |
23 000 empregos |
60 empresas |
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Fonte: Exame |
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