|
|
03/10/2005 |
|
|
A volta do investimento |
|
|
As empresas brasileiras aumentaram os gastos com máquinas e equipamentos em 2004 e isso ajudou no crescimento da economia |
|
|
|
|
|
Março é a safra do produto interno bruto (PIB) -- o mês em que os institutos de estatística mais avançados informam como foi a atividade econômica em seus países. A última safra foi boa: há expansão em praticamente todas as regiões. Considerando 52 nações que já divulgaram seus números e que formam 90% da produção mundial, o crescimento foi de 4,2% no quarto trimestre de 2004. O resultado é muito positivo, mas também indica desaceleração. No primeiro semestre, o ritmo de crescimento era de 5,2%, conforme dados compilados pela revista inglesa The Economist.
O Brasil está em linha com o mundo, na tecnologia estatística e na atividade econômica. O IBGE soltou os números em 1o de março, junto com os institutos dos países mais desenvolvidos. Observa-se que o Brasil cresceu muito em 2004 -- 5,2%, o melhor resultado desde 1994 --, mas também por aqui os números mostram desaceleração. Conforme dados dessazonalizados e anualizados, o PIB avançou apenas 1,7% no último trimestre, ante um ritmo bem mais forte de 7,3% registrado no começo do ano.
E daí, o que isso diz para 2005? A resposta não é simples. Se leva algum tempo para se saber o que aconteceu no passado, naturalmente é ainda mais difícil entender o que se passa no momento e um risco tentar antecipar o futuro. Mas a verdade é que os economistas desenvolveram ferramentas que permitem pelo menos alguns bons palpites. Por exemplo: se houve investimentos em máquinas e equipamentos em determinado ano, é sinal de que os empresários se preparam para produzir mais no período seguinte. E um dos números mais importantes do ano passado foi justamente a expansão dos investimentos, que subiu 10,9%, a melhor taxa desde 1997.
A desagregação desse número manda um sinal melhor ainda. Trata-se de uma composição de gastos em construção civil (que cresceu 5,9%) e aquisição de máquinas e equipamentos, investimento que aumentou 19,3%, "resultado espantoso", na definição do diretor de planejamento do BNDES, Antonio Barros de Castro, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. Castro, economista de reconhecida competência nas questões de desenvolvimento industrial, diz que os empresários não estão montando fábricas novas, mas estão trocando suas máquinas, manobra que seria a adequada ao momento e que permite crescimento rápido para atender a uma nova demanda. A nova fábrica virá num momento posterior, aposta o diretor do BNDES, para quem o atual crescimento é de boa qualidade e duradouro. Que a demanda aumentou em 2004, não há dúvida. O consumo das famílias, que representa quase 60% do PIB, cresceu 4,3%, puxado pela expansão do crédito à pessoa física e pelo aumento do número de empregados, o que elevou a massa salarial.
Dados mais recentes sugerem que esse ambiente se prolongou em 2005. Por exemplo, o emprego formal, conforme números do Ministério do Trabalho, cresceu em 116 000 postos em janeiro, mês normalmente fraco. Isso responde a uma expectativa de que, neste ano, deve aumentar o consumo de não-duráveis (alimentos) e semiduráveis (roupas e calçados), enquanto 2004 foi o ano dos automóveis e dos eletroeletrônicos. Os sinais positivos têm levado os empresários da indústria de transformação a estimar uma elevação de 8% na capacidade instalada de suas fábricas, conforme a Sondagem Cultural, da Fundação Getulio Vargas. Tudo isso se confirmando, 2005 será um ano de bom crescimento, embora inferior ao de 2004 -- de novo em linha com as expectativas para a economia mundial.
Mas há dúvidas também. Os investimentos tiveram forte desaceleração no final do ano passado. Na verdade, em termos dessazonalizados, a formação de capital caiu 3,9% no último trimestre, ante um pico de expansão de 6,8% no terceiro trimestre. O que teria acontecido? Técnicos do IBGE e outros analistas dizem que pode ter sido um problema estatístico. É que a Petrobras acrescentou a seus ativos duas plataformas de exploração de petróleo, que normalmente deveriam ser somadas ao item de máquinas e |
|
|
|
|
|
Fonte: Carlos Alberto Sardenberg - Portal da Revista Exame |
|
|
|
|
|
|