A forte estiagem que atingiu os estados da Região Sul e partes do Mato Grosso do Sul e de Goiás além de provocar a redução de 9% na previsão da safra agrícola (de 131,9 milhões de toneladas para 119,5 milhões de toneladas conforme o levantamento da Conab) vai obrigar a uma mudança na logística da safra. O estado mais prejudicado, o Rio Grande do Sul, terá perda de 66,7% da produção, principalmente nas culturas de soja e milho. Incluindo a safra de arroz são 10,8 milhões de toneladas a menos em relação à safra passada que vão obrigar a uma revisão de todo o processo de escoamento da safra das lavouras e cooperativas para os portos e para os centros de processamento industrial.
Por Cláudia Borges
O reflexo da queda da safra para o setor de transporte rodoviário é proporcional aos números apresentados pela agricultura e, portanto, a perspectiva é pessimista, admite o sócio-proprietário da Transportadora Pradozem, Antônio Zanon. “O que deixou de ser produzido, não será transportado. Acredito que haverá uma redução de 70% na movimentação de grãos”, afirma Zanon. Além disso, a carga existente ainda será disputada pelos modais aquaviário e ferroviário. Mas os problemas não param por aí. Zanon destaca que com a diminuição do número de viagens de caminhões cai a venda de óleo diesel, de pneus e de peças automotivas. “As fábricas de caminhões, carretas e implementos rodoviários tiveram 70% dos pedidos cancelados”, complementa Zanon. A própria Pradozem, revela Zanon, recentemente adquiriu uma frota nova de dez caminhões, num investimento de R$ 2,2 milhões, que não está sendo utilizada. De acordo com o gerente-geral da Pradozem, José Roberto Agustini, como a empresa trabalha exclusivamente no Rio Grande do Sul, com transporte anual de 650 mil toneladas, toda a movimentação é baseada no desempenho do setor primário. Com a quebra da safra o produtor deve ficar descapitalizado. “Talvez como conseqüência o agricultor invista menos em fertilizantes”. Como existe uma relação direta entre oferta e procura, haverá excesso de caminhões no mercado e o frete deverá cair. A expectativa é de que seja um ano complicado para os transportadores de grãos. Em 2004 a Pradozem transportou 153 mil toneladas de soja. Como cada caminhão carrega um máximo de 27 toneladas, foram necessários 5,6 mil carregamentos, feitos por 85 caminhões com uma média de 22 viagens por mês, durante a operação de transporte de soja, que durou quatro meses. No ano passado, a Pradozem também transportou 38 mil toneladas de milho, totalizando 1,4 mil carregamentos. Trabalho que exigiu a circulação de mais 20 caminhões. Portanto, somente para o transporte de soja e milho, no ano passado, durante o período de safra, a Pradozen utilizou 105 caminhões. “Com a quebra estimada da safra a previsão é de transportarmos cerca de 60 mil toneladas de milho e soja”. Com a redução no número de carregamentos,segundo Agustini, uma das alternativas é redirecionar os caminhões, que ficarão ociosos por falta de produção agrícola, para outros tipos de cargas e para rotas em outros estados. “Esta é uma hipótese remota que estamos estudando”, afirma Agustini. “Mas o mais provável é deixarmos os caminhões parados”, complementa. O gerente-geral da Pradozem, destaca ainda que, além da redução das cargas para transportar, o mercado apresenta uma tendência de qued |
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