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17/04/2005 |
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A nova onda de crimes digitais |
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O roubo de identidade é o tipo de fraude que mais cresce na internet e, nisso, os brasileiros são campeões mundiais |
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Roubo a banco é um crime em franco declínio. As agências estão cada vez mais seguras e o número de ocorrências no ano passado ficou em um terço do que se registrava no começo da década. É um bom sinal. Só que cada vez menos clientes têm de ir a uma agência para fazer suas movimentações bancárias. A maioria das operações pode ser feita pela internet. Neste caso, a situação não é nada animadora. O tipo de crime virtual que mais cresce em todo o mundo é justamente o roubo de números de cartão de crédito e senhas de contas bancárias. E não se trata de hackers de grande conhecimento técnico trabalhando na calada da noite para burlar os milionários sistemas de segurança das instituições financeiras. As barreiras eletrônicas erguidas por bancos são muito difíceis de violar. Os estelionatários concentram os esforços na vulnerabilidade dos PCs e na ingenuidade de quem navega pela internet.
Existem dois tipos de fraude. O mais comum, conhecido como phishing, envolve a criação de clone de um site de um banco ou de uma grande empresa. O usuário é levado a colocar ali seus dados bancários -- e as informações vão diretamente para as mãos dos criminosos. Essa é a modalidade predominante em todo o mundo. Mas, no Brasil, os hackers estão um estágio à frente. Aqui, prevalece um novo tipo de crime, mais sofisticado, que tem o sugestivo nome de scam. Lembra spam, as mensagens comerciais indesejadas -- e não é à toa. Disfarçadas de cartões virtuais ou fotos de mulheres nuas, essas mensagens em massa, na verdade, conduzem o usuário a páginas da internet que escondem programas maliciosos. Quem morde uma dessas iscas abre as portas do PC para a instalação de programas que, sem o conhecimento do usuário, capturam informações confidenciais e as enviam para quadrilhas organizadas. "O Brasil está na dianteira no que diz respeito a esses novos golpes", diz Marcelo Lau, especialista em segurança e autor de uma tese de mestrado sobre o assunto. "O que vemos acontecer no país hoje certamente vai se repetir no resto do mundo dentro de alguns meses."
Numa estimativa conservadora, calcula-se que os grandes bancos brasileiros tenham perdido cerca de 80 milhões de reais com fraudes eletrônicas só no ano passado. No mercado, dá-se como certo que o número mais próximo da realidade seja algo como 200 milhões de reais. Embora a Polícia Federal tenha desmontado grandes quadrilhas nos últimos dois anos, o problema continua crescendo. De acordo com os dados do NBSO, a área de segurança do Comitê Gestor da Internet no Brasil, foram detectados mais de 4 000 tipos de fraude eletrônica no ano passado. O número é certamente maior, pois o órgão contabiliza apenas as denúncias recebidas. Em todo o mundo, segundo a coalizão Anti-Phishing Working Group, uma ONG que centraliza as informações globais sobre essas atividades criminosas, somente no mês de janeiro deste ano foram identificados mais de 13 000 tipos de e-mails ligados a esquemas de estelionato.
O crescimento dos golpes tem relação direta com o aumento do spam, que já passa de 60% de todo o tráfego de mensagens que circulam pela rede. "Uma das maneiras de prevenir esses golpes seria impedir a chegada dos spams às máquinas dos usuários", afirma Vincent Gullotto, responsável pela área de detecção de ameaças virtuais da McAfee, uma das maiores fabricantes de antivírus do mundo. Mas, como sabe qualquer pessoa que usa e-mail regularmente, a filtragem do lixo eletrônico ainda tem muito a melhorar. E, quando os e-mails chegam ao destino, há outro elemento que tecnologia nenhuma será capaz de aperfeiçoar: o ser humano. "Sabe o sujeito que vende um bilhete de loteria premiado? Sempre tem alguém que cai no conto", diz Klaus Steding-Jessen, um dos responsáveis pelo NBSO. "Com as fraudes eletrônicas é a mesma história. Infelizmente, as pessoas ainda estão acostumadas a clicar antes e pensar depois." O nome da empresa de análise de crédito Serasa esteve envolvido em pelo menos dez mensagens falsas que alertava |
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Fonte: Por Sérgio Teixeira Jr.- EXAME |
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