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Os escritores e editores brasileiros criticaram a proposta apresentada pelo Google para a implementação, no Brasil, do serviço Google Books, que permite aos internautas fazer pesquisas por livros, inclusive os protegidos com direitos autorais.
Em visita ao Brasil em fevereiro deste ano para apresentar o produto, o italiano Marco Marinucci, responsável pelo Google Books, pode até ter tido uma recepção calorosa - como ele próprio relata -, porém as opiniões sobre a possível implementação do serviço no País são igualmente controversas.
"Trata-se de um grande risco para nós escritores", defende Paulo Oliver, advogado especializado em direito autoral, presidente da União Brasileira dos Escritores (UBE) e autor de mais de nove livros. "Quando uma obra cai na internet, o risco de alguém acessar e plagiar - especialmente para autores menos conhecidos - é enorme", argumenta.
Embora a proposta do Google Book Search não seja exibir o conteúdo integral das obras na web, a ferramenta trabalha com o conceito de resultados contextualizados, mostrando ao usuário que efetua uma consulta a página do livro em que se encontra o termo buscado, as duas páginas anteriores e as duas posteriores.
"Em um livro de poesias, por exemplo, cinco páginas são uma obra completa", acredita Oliver - que além de escrever livros técnicos na área de direito, é poeta. "Além disso, em caso de obras literárias, principalmente se o trecho for mal selecionado, a leitura de um mero fragmento pode prejudicar a percepção do leitor", acrescenta.
Já no caso de obras de referência, defende Eduardo Blücher, coordenador do grupo de estudos de novas tecnologias da Câmara Brasileira do Livro (CBL) e diretor executivo da Editora Edgard Blücher, o risco é de que o usuário esgote suas pesquisas dentro das próprias buscas na web, e nem mesmo chegue a comprar o livro. "As editoras técnicas, jurídicas e didáticas não estão nem um pouco animadas com o projeto", sentencia.
A polêmica sobre o Google Search é internacional. As classes de escritores e editoras - representadas, respectivamente, pela Authors Guild e pela Association of American Publishers -, já moveram processos nos Estados Unidos contra a ferramenta, que, no entanto, continua disponível em beta em cinco línguas (inglês, italiano, francês, alemão e espanhol) e já funciona em todos os países latino-americanos de língua hispânica.
Google explica O Google Book Search, apresentado ao mercado no final de 2004, causou alvoroço entre os editores de livros e autores, que vêm na ferramenta uma potencial ameaça aos direitos autorais.
Para Marinucci, que antes de assumir a gerência de desenvolvimento de negócios do Google Book Search, era um editor de livros na Itália, toda a polêmica em torno do projeto se deve à falta de compreensão dos atores do mercado sobre a real função e sobre a mecânica do serviço.
"O valor do serviço está na capacidade da nossa ferramenta de mostrar onde o usuário pode encontrar a informação que é mais relevante para ele. Isso não quer dizer que vamos exibir essa informação na tela dele, mas sim indicar a loja ou a biblioteca mais próxima onde ele pode obtê-la fisicamente", explica.
Segundo o executivo do Google, o objetivo do serviço é digitalizar os livros apenas para indexar as informações e possibilitar a busca, e não oferecê-los integralmente ao internauta para impressão, cópia ou leitura - as duas primeiras funções limitadas pelos recursos do sistema e a última pela sua interface, que não favorece a visualização amigável na tela.
O Google Book Search, que ainda está em fase beta, terá duas fontes diferentes para busca de conteúdo: as bibliotecas e as próprias editoras e autores. Para viabilizar a primeira alternativa, o Google firmou acordo com cinco importantes bibliotecas (a Biblioteca Públic |
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