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Há 26 anos atuando no ramo de Tecnologia da Informação, com vivência em vários países, o consultor Ernani Ferrari, da Mondo Strategies, de Santa Catarina, defende que as empresas brasileiras do setor não precisam "reinventar a roda" para alcançar um nível de excelência global. Segundo ele, antes de pensar em inovação - no campo dos métodos, técnicas ou ferramentas de gestão e de processos -, as organizações nacionais deveriam buscar o caminho mais simples e reproduzir, aqui, algumas das melhores práticas empregadas lá fora. O consultor observa que são poucas as que dominam, efetivamente, todas as etapas do processo sem contar com uma visão externa sobre o trabalho. "Os profissionais se valem do conhecimento empírico e não procuram sistematizar os processos, para que sua aplicação seja massiva", sinaliza.
Ferrari percebe certa resistência na área de gestão de produtos. Trata-se de um dos pontos primordiais das empresas de software e, por certo, qualquer estudo ou proposta apresentada por um consultor contratado exigirá mudanças sensíveis. Além dos impactos que um estudo do gênero pode gerar, ainda é preciso quebrar conceitos arraigados há tempo. "No processo de capacitação, costumamos quebrar barreiras. Algumas mudanças operacionais, de posicionamento junto aos clientes ou mesmo de políticas que precisem ser estabelecidas ou modificadas podem romper paradigmas enraizados na organização e nos gestores", revela.
Para o titular da Mondo Strategies, os cursos superiores ligados ao negócio do software também poderiam auxiliar nesse esforço de melhoria das empresas brasileiras. Hoje, afirma, as faculdades ensinam a elaborar programas e sistemas de processamento de dados, mas não preparam os estudantes para o mercado com a qualidade e a produtividade que deveriam demonstrar. "A quase totalidade dos alunos acaba adquirindo uma capacitação mínima apenas no ambiente de trabalho, onde passam a viver a realidade das empresas, da qual as escolas continuam distantes", critica o consultor.
Nos próximos anos, sublinha Ferrari, as demandas das empresas de software passarão para aspectos menos objetivos, como as questões de sustentabilidade e responsabilidade social. Independente da crise, a exigência por padrões continuará crescendo. Por outro lado, deverá evoluir também a necessidade de resultados práticos em qualidade. "Alta produtividade, baixos custos, prazos de entrega curtos, previsibilidade, facilidade de negociação, garantias e muita flexibilidade serão os itens mais cobrados das empresas de software", prevê. |
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